quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

ORAÇÃO DO AMOR ´PRATICADO

Oração do amor praticado
(by jan)


Quando sugo teus mamilos ávidos por carinho
Vibro e oro ao vê-los intumescidos
Naquele anseio de um frêmito prazer
Erroneamente chamado pecado

Sempre, pela manhã, quando reiniciamos
Nosso embate
Onde sempre há empate
Ao penetrar tua fenda que me aguarda

Gulosa, ávida para auferir
O que nela será espargido, ungido
Na sensação do prazer recebido
Doado num momento único, tantas vezes repetido

Nos segundos, minutos, horas, dias, meses,
Quiçá por séculos
Amén

PREFÁCIO DO MEU FUTURO LIVRO DE POESIAS

Reconheço que sou pretensioso por pretender um dia publicar um livro de poesias...
Julguem-me por isso!

Prefácio do meu livro de poesias:
(by jan)

Eu entendo o sexo da mesma forma como Rubem Fonseca, em seu livro BUFO E SPALLANZANI: excerto da (pág.10).

“Disse a ela que eu encarava o sexo, na vida e na literatura, da mesma maneira que Moravia, isto é algo que não deve ser pervertido pela metáfora, mesmo porque nada há que se lhe assemelhe ou lhe seja análogo.”

Foi encorajado por essas sábias e enfáticas palavras, acima citadas, além de algumas generosas críticas de amigos e amigas, que resolvi continuar a escrever minhas poesias eróticas. Entendo que pudores e tabus jamais poderão se sobrepor ao pensamento e ao gosto populares. Ambos padecemos do mesmo mal, de MISANTROPIA - eu um pouco menos - e da mesma lascívia verbal. Temos, ambos, aversão à vida social - eu não com tanta intensidade - talvez por isso sejamos libidinosos.
Eu diria, para me justificar, como BUFO, "que a chamada vida social (eu diria alta sociedade) é aceita pelos hipócritas que, na convivência, se denominam amigos sem nunca ter ultrapassado os limites dos copos."

Essas palavras poderiam ser ditas por mim, em minha defesa, contra aqueles que me chamam de pornográfico. jan

SE DEUS NOS AMA POR QUE NÃO?

Se Deus nos ama por que não?
(by jan)

Quando beijei tua flor,
Suguei teu mel,
Sofregamente, com muito amor,
Ao sentir meu carinho arrepiaste,
Gemeste gostoso: “Que delícia!”,
Foi dessa forma que me disseste
O quanto gostaste da minha carícia.

Feliz em te ouvir, naquele momento,
Ao sussurrar em meu ouvido,
Permite-me, agora, confessar-te:
Após ouvir aquele gemido,
Quando digo que te amo,
Não digo, eu me ufano!

Jamais me reproves porque te desejo,
Por querer amar-te em nossa cama,
Antes entende, valho-me apenas do ensejo,
Da chance que Deus nos deu, porque nos ama.

Por milagre, ainda somos um do outro,
Concedeu-nos essa benção o Criador,
Uniu-nos de novo em nome do amor.
Aproveitemos, portanto, querida,
Amemo-nos então minha vida,
Para sempre, sem pudores, sem receios!

AMOR VIRTUAL

Amor virtual...
(by jan)

Nunca te vi,
Jamais, sequer, toquei no teu corpo,
Mas, mesmo ao longe, te sinto!
Não te olhei, ainda,
Nem nunca me vi nos teus olhos,
Nem provei do gosto da tua boca,
Mas ouvi a tua voz doce e delicada,
Soar em meus ouvidos, como música,
E nela encontrei toda a ternura que eu procurava,
A delicadeza que eu sempre almejei numa mulher,
Quando generosamente te tocavas, com teus dedos,
Enlouquecendo-me os sentidos, com teus gemidos...
Por isso, eu te quero, querida!
Mesmo sabendo que será difícil te ter,
Ouso, como sempre, acreditar em mim
E, sem receio, partir para buscar-te ao longe,
Porque não creio no impossível.
Mesmo sendo o nosso amor virtual, por enquanto,
Não me importo, porque será por pouco tempo.
Meu corpo já clama pelo teu
E o teu, inabalável, implora pelo meu.
Ótimo! Não há mais como impedi-los,
De se penetrarem, de se fundirem, definitivamente,
Pois, na verdade, já nos amamos
E nada mais nos deterá,
Nem essa distância que insiste em nos separar.
Deus há de nos ajudar!

PARA FACILITAR NOSSO ENCONTRO, LÁ EM CIMA

PARA FACILITAR NOSSO ENCONTRO, LÁ EM CIMA...
(by jan)

Vou levar-te em minha retina,
Para jamais esquecer-te.
Levarei comigo essa imensa
Saudade que sinto de ti, amor,
Daquele beijo especial que dei,
No teu corpo todo,
Bem abaixo do teu umbigo.
Foste, em minha vida,
Meu açúcar, meu sal,
Jamais foste o meu mal,
A mulher que sempre desejei,
A fêmea que aqueceu minha alma,
Enlouqueceu-me os sentidos
E da qual jamais esquecerei.
Quero, lá em cima, ao chegar,
Que sintas no meu corpo, o teu cheiro,
Que ficou grudado, em mim, para sempre,
Para que me identifiques porque já estarei velho,
Odor maravilhoso, que me invadiu por inteiro,
Penetrou-me as narinas e nelas ainda permanece...
Quando invadiste as janelas da minh’alma,
Ao vislumbrar-te, gravei teu lindo semblante
Que marcado ficará, para sempre, em minha memória.
Por isso, levar-te-ei em minhas retinas,
Assim que meus olhos se fecharem para sempre.
Porque és a parte mais importante da minha história,
Não poderei jamais esquecer-te,
Não posso, não devo e não quero,
Apenas quero é ser o primeiro,
O único que receberás feliz.
Deverei, portanto, estar atento, quando atravessar
A porta do céu, onde, com certeza, me esperarás.
Para abraçar-me, beijar-me,
Aconchegar-me em teus braços,
Quando, em definitivo, então, serás,
Minha para todo o sempre
E, então, novamente, poderás
Ver-me e me ouvir feliz,
Como durante toda a vida sonhei!

HOJE, ME SINTO UM LIXO...

Hoje, me sinto um lixo...
(by jan)

Como se fora
Um pedaço de papel,
Onde se escreve o rascunho,
De uma história qualquer,
Que depois se amassa
E joga fora,
É assim que me sinto
Toda vez que você passa,
Por mim, e me ignora.
Por isso, eu me pergunto:
Por que ela não me olha mais?
Faz isso comigo, por quê?

Sofro quando me lembro
Que você fingiu ser minha um dia,
Só para me usar, assim...
Essa sua maneira nova de ser,
Faz doer demais em mim!!!

Eta dor danadinha, essa,
Que dá e nunca termina,
Que sempre retorna, amofina,
Dor que só podia ser,
Mesmo, minha,
De um amor
Que foi jogado no lixo,
Perdeu o brilho, a cor
E me fez virar esse bicho,
Um ser, acuado, sentido,
Que por qualquer coisa desatina,
Até mesmo, algo menor,
Como você pequenina...

DEPRESSIVO IMPLORO

Depressivo, imploro!
(by jan)

Desde ontem,
Eu odeio as flores,
Odeio a natureza,
Odeio toda a sua beleza,
Odeio o barulho do mar,
O marulho de suas ondas,
O canto dos pássaros,
O vôo das borboletas.
Odeio o ruído das cigarras,
O latido dos cães,
O sorriso das crianças.
Odeio o calor do sol,
A luz do dia,
A escuridão da noite,
O brilho das estrelas,
O clarão do luar.
Odeio o vento,
Odeio toda gente,
Odeio tudo e odeio nada.
Estou me odiando agora e,
Até minha amada, odeio!
Desde ontem,
Eu odeio todas as cores,
Que jamais expressarão meus sentimentos,
Minhas dores
E, em vez de me fazerem feliz,
Aumentam esse vazio,
Muito mais,
Enquanto aumenta,
Em minha cabeça,
Essa pressão,
Uma dor intensa,
Dentro do meu coração.
Esqueçam-me, por favor, gente!
Deixem-me ficar aqui,
Ainda que triste, mas consciente.
Deixem-me exorcizar esta depressão.
Deixem-me isolado, nesta maldita solidão.
Desde ontem,
Não faço planos,
Não tenho sonhos,
Me sinto muito,
Muito infeliz jogado aqui neste catre.
Não tenho em mente nenhum lugar melhor,
Onde eu queira e possa ficar
Estou sem vontade de nada,
Não estou com nada,
Não quero mais nada.
Não tenho nem álibi
Se, daqui a pouco,
Alguém me acusar
De matar a natureza,
Com essa minha morbidez,
E quiser me incriminar.
Desde ontem,
Estou implorando:
Deixem-me, por favor!
Estou depressivo, decadente, doente,
Sentindo grande tristeza,
Com tanta gente, em volta de mim,
Tão barulhenta, tão presente e eu, assim, ausente.
Desde ontem,
Quero ficar sozinho,
Com meus pensamentos,
Ver ninguém,
Saber de nada,
Quero ficar assim...
É delicado, é mórbido o que sinto, eu sei!
É insuportável esse desafio
De ter que encarar, ver, quem quer que seja,
Agora, tal como é, enfim...
Contudo, é muito mais delicado e doentio,
É quase insuportável,
Esse seu jeito, imponente, despojado,
Natural, arrogante, insolente,
De levar seus dias, tão inutilmente,
Enquanto eu sofro, indolente, deprimente,
Sentindo-me, assim, infelizmente,
Assistindo, anestesiado,
Toda essa tua beleza,
Sem poder fazer nada,
Para escapar desta tristeza...
Estou depressivo,
Hoje, ainda, é verdade,
Mas isto passa.
Amanhã,
Volto a te amar, novamente, natureza
E, com toda certeza,
Volto a amar, quem sabe,
Até, a mulher amada, minha namorada!”

BOCA PENETRANTE ESSA TUA

Boca penetrante essa tua.
(by jan)

Deliciosa essa tua boca penetrante,
Gulosa ao engolir o meu rijo, em fogo,
Boca que só poderia ser mesmo tua,
Marca de mulher perfeita, adoradora,
Amante, a mais completa e sedutora,
Ao transformar, tudo ao seu redor, em paraíso,
Quando, sobre aquele, que só os poetas não temem,
Seja transformado em carne flácida, adormecido,
Porque sabe que, logo, ele acordará novamente,
Pois ao ver diante de si, tanta beleza e gostosura,
Levantar-se-á, tão facilmente, como adormeceu,
Pronto para o início de novo e longo embate,
Onde sempre há empate!

Minha boca como a tua também fez morada,
Engoliu o botão de tua flor molhada, do prazer
Sentido, tão vivido, naquele momento máximo,
Da vida, o mais belo e desejado,
Por deuses ou fariseus apaixonados,
De um delicado e puro orgasmo,
Quando ao sorver devagar aquele líquido quente,
Espargida a espuma, do teu gozo infinito,
Belo, balbuciado delicadamente, penetrante,
Em meus ouvidos, mesmo de tua boca, tão distante,
Nos 69 instantes em que nos engolimos

O BEIJO

O BEIJO.
(by jan)

Um beijo longo e demorado,
em lábios que tremem
e cedem, abrindo-se
ao toque de línguas
tão penetrantes,
quanto línguas devem,
não é apenas um beijo,
e nada mais,
esse sim é um verdadeiro beijo.

Ele só é muito mais,
quando em boca aberta, faminta,
ávida, sôfrega, voraz,
que só para de se abrir,
ao sentir que algo,
nela, se move e faz
os lábios delicadamente sugá-la.

Beijo também é língua que da boca sai,
para tocar essa parte linda
do teu corpo, fazendo-o todo tremer, fremir,
se agitar muito mais, ainda,
quando descobre vibrando,
o gosto daquilo, que nele se oculta
nas sombras de seus recantos,
bem no centro, onde em teu púbis vive,
pois é nele agora que estou te amando.

É beijo tudo o que de lábios seja,
tanto mais o que de lábios se deseja,
mas é muito mais e muito mais parece
o que dele se pretende e apraz,
se quando, nele, tudo nos satisfaz
e o meu amor de volta te traz.

Por isso, quero beijar-te: na frente,
dos lados, em cima, em baixo, atrás,
por todo lado, de todo jeito
e não assim somente,
quero te virar do avesso e muito mais,
sempre te penetrando docemente,
para que se, um dia, me afastar de ti
eu leve a saudade comigo,
mas deixe um beijo especial,
no teu corpo todo, em teu umbigo,
pois serei na Terra, teu açúcar, teu sal,
serei tudo e todo teu
e jamais serei teu mal.

PREFIRO A EXCITAÇÃO ESPONTÂNEA...

Prefiro a excitação, espontânea, que sinto!
(by jan)

Foste cruel quando julgaste o que escrevo banal
Sinto que és vulgar e que só gostas do que dizem
Aqueles que invertem os valores de uma forma animal
Por isso, só aceitas o que pensam os que nada sentem,

E vivem todos os momentos da vida de forma vulgar
Não têm sentimentos, não amam, tudo desprezam,
Os amores e as dores, são egoístas, são bem devagar,
Esquecem que nessa vida são bem-aventurados os que amam.

E desgraçados os que desprezam o amor e dele zombam
É no amor que o ser humano encontra a inspiração para viver
Para realizar tudo o que brota de seu afortunado coração,
Completamente diferente daqueles que apenas enganam,

Praticam um amor viciado, pelo uso da droga, que os excita
Um amor furado, que não tem sentido, sem nenhuma inspiração,
Que visam apenas um desempenho falso, que apenas os exercita
Performances que só quem como tu gosta, porque não tens coração!

POEMA ORAÇÃO

Poema oração: MS

“Suplício de uma saudade”
(by jan)


Deus, meu!
Ajoelhado aos teus pés,
Imploro por Tua bondade infinita:
Ajuda-me senhor!
Indiscriminadamente, sempre atendeste
Aos apelos de pobres e de ricos.
Por isso venho suplicar-Te:
Tem piedade de nós, Senhor!
Dono do sim e do não, eu creio nisso,
Não negarás a este pobre sofredor,
O pedido, o apelo que Te faço agora:
Rogo-Te, Senhor,
Pela alma de minha mulher amada,
Que a morte tão cruel e prematura,
Arrebatou-a de mim, para sempre,
Deixando esta dor profunda em meu coração,
Que parece não ter cura, nunca, desespera-me,
Arroja-me aos teus pés, na busca de conforto,
Pois não suporto mais a dor dessa perda irreparável!
Dá-me, Senhor, o consolo de que tanto necessito,
Acalma esse coração destroçado que implora!
Já não consigo mais dormir, só penso nela
E quando consigo, parece que estou acordado,
Vejo-a linda, doce e meiga, como era,
Vindo, diáfana, em minha direção,
Com os braços abertos, como se quisesse apertar-me,
Aninhar-me, entre eles, como fazia antes.
Confesso-Te: Estou cansado, Senhor, de só poder sonhar com ela,
Sem sequer poder tocá-la com as pontas dos meus dedos,
Enlouquecerei, tenho certeza, se minha vida continuar assim!
Quando estou acordado, vejo-a em toda parte,
Tentando alcançá-la, falar-lhe, sigo-a como um alucinado!
Por isso, por favor, Te imploro, mais uma vez, a definitiva:
Acaba, Senhor, com esse martírio, essa loucura,
A saudade que sinto dela, me entristece, me deprime, desespera-me,
Já não tenho mais sossego, minha vontade de viver acabou!
Dá-me a paz que necessito Senhor!
Estou cansado de viver sem o amor da minha vida!
Recordá-la, me faz chorar dia e noite,
Noite e dia, sem parar!
Não consigo mais viver, sem ela!
Já não suporto mais este sofrimento que me consome!
Para mim, nada mais interessa!
A depressão aumenta a cada instante,
Invadiu-me e tomou conta de todo o meu ser,
Atormenta-me, tira-me a força de viver!
O sol já não brilha mais, como antes.
Sinto-me condenado a viver só, nessa penumbra,
Sem minha amada, totalmente abandonado
Aqui nesse catre, que escolhi como morada.
Crê Senhor, é sofrimento demais,
Para um ser frágil como o humano!
Por isso, volto a implorar-Te:
Perdoa-me! Tem piedade de nós, nos ajuda!
Traze-a de volta para sempre ou leva-me para o seu lado,
Acaba de vez, com o suplício dessa saudade que nunca se acaba!
Mata-me Senhor ou ensina-me a viver sem ela!

LOBOS DO MAR

LOBOS DO MAR
(by jan)

Na época, eu era um dos mais jovens tripulantes do navio “Lóide América”, um cargueiro da Cia. Lóide Brasileiro (PN). Navegávamos em direção a New York, em minha quarta viagem para aquele país. A mais ou menos trezentos e sessenta milhas náuticas daquele porto, fomos surpreendidos por um rabicho de ciclone, o “Donna”, que devastava a periferia daquela cidade, numa velocidade superior a duzentos quilômetros por hora. Até então, eu jamais havia visto algo parecido ou sentido toda àquela violência. O mar, enfurecido, parecia enlouquecido. Aquele forte vento formava ondas com, aproximadamente, quinze metros de altura ou mais, como se fosse engolir a embarcação. Durante muito mais de 30 horas passamos o horror daquilo tudo, tentando nos manter em pé, pois o navio adernava, para um bordo e outro, a todo o momento, sucessivamente, sem parar. Foi quando após um balanço de 45 graus, felizmente, nosso corajoso, competente e destemido Comandante, assumiu o lugar do marujo na roda do leme, e decidiu tentar desviar o navio de rumo, a fim de pegar mar e vento favoráveis pela popa o quê, penso agora, talvez melhorasse a navegabilidade. O navio teria que virar a proa para a África, e isso exigia uma manobra de grande perícia, pois podíamos ser surpreendidos por uma gigantesca onda, do lado de bombordo que, certamente, nos faria girar no próprio eixo e em seguida afundar. Foi um milagre de Deus que nos trouxe de volta e que me inspirou, agora ao recordá-lo, contar esse fato heróico, abaixo, na forma de poema épico:

Lobos do mar, sob forte tempestade:
O homem, seu navio e o mar bravio...
(by jan).

Singras presunçoso, águas revoltas,
Sem te importares com a tempestade,
Que nos açoita e nos preocupa,
Como se, dela, medo não tivesses.
De forma insana, potente, mergulhas corajoso,
Em ondas violentas, profundas,
Que se arremetem, alavancadas,
Contra o passadiço e afogam o tijupá.
Enquanto eu te observo emocionado,
Meu sangue corre gélido nas veias.
Assim, segues em frente, displicente
E neste afundar proa e rasgar ventos,
Continuas tua luta, contra a procela, indiferente,
A arrancares gemidos de tuas cavernas,
Que ecoam em meus ouvidos,
Como se fosses quebrar, partir ao meio.
Meu velho e bom marinheiro,
Finalmente agora, sabes muito bem,
Que não és mais jovem,
És sobrevivente de uma guerra mundial.
Mas, sem te importares com a idade,
Insistes em lutar com galhardia, companheiro,
E eu, conhecedor de tua compleição frágil,
Compulsoriamente te sigo,
Observando-te, preocupado contigo,
Tu me fazes sentir saudade, confesso:
Neste momento crítico,
Da segurança do meu chão amigo.
Para que, com dignidade,
Desta nos livremos logo,
Tentarei, contudo, demonstrar-te
Que também sou corajoso,
Fingirei que nada sei e de nada entendo.
Como se nada de anormal estivesse acontecendo,
Continuas a te arriscar, arfas, gemes,
Arrancas de tuas entranhas gritos,
Balanças, adernas, sofres, estremeces,
Parece mesmo que vais rachar ao meio,
Fazendo meu sangue correr mais gélido nas veias
E meu coração disparar como se explodir pudesse.
Felizmente para nós, nessa luta de titãs,
Continuas a desatar os nós,
Desse nosso infeliz destino,
Meu valente, destemido e intrépido marujo,
Sem te importares, repito:
Que absurdo, com tua longa idade!
Açoitado pelo rabicho desse ciclone o “Donna”,
Lutas para sobreviver e nossas vidas salvar.
À matroca, desesperado, mas intrépido,
Balanças de boreste a bombordo,
Como se estivesses sem rumo,
Perdido no meio do furacão,
Ao sabor de ondas cada vez mais violentas,
Parece que vais afundar na maresia.
Enquanto penso que sofres, neste mar furioso,
Sob a força deste vento arrasador
Que aumenta, cada vez mais, a altura das ondas,
Ao invés, lépido flanas, voas como folha de papel,
Solta, balançando na ventania,
Varrida por Deus do teu convés.
Contigo aprendi, amigo, nestes anos todos,
Em que juntos convivemos,
Que quando finges ser jovem, como agora,
Na verdade estás em dificuldade
E é por isso que, egoísta,
Perdoa-me, eu temo por nós!
Sou humano, não sou de ferro,
Meu arcabouço, diferente do teu,
É revestido de carne e osso e não de aço,
Não enverga, não dilata, apenas sangra,
Sofre, chora, geme, treme covardemente,
Como agora, confesso: Assustado temendo a morte!
Entretanto, tu não, maravilhoso irresponsável,
Continua desvairado, audaz marujo,
Arremessando-te contra as ondas,
Fazendo-me sentir medo, ficar apavorado!
Vendo-te, assim, corajoso,
Sobre e sob esse mar bravio,
Ao perceber a proximidade da morte,
Estremeço, sinto meu sangue congelar nas veias,
Assusto-me com toda essa tua valentia.
Parece um admirável louco, obstinado,
Ao enfrentares a forte ventania
E nesse momento, nem imaginas,
Porque sendo um monte de ferro velho, não raciocinas
E por isso não sentes tudo que sinto agora,
O tanto que temo por ti e por nosso destino.
Meu velho amigo audaz lobo do mar,
Não penses que só porque foste feito de forte aço,
Podes enfrentar impune a força da mãe natureza,
Que está tudo bem, que mandas no pedaço.
Não te iludas valente, assim poderás nos destruir!
Percebeste meu velho lobo do mar,
Mais uma vez, a onda passou batendo violenta,
Cobrindo o passadiço, alagando o tijupá,
O que me faz, sob intenso pavor, te indagar:
Afinal, quando isso tudo acabará?
Assustados, todos nós, como tu,
Velhos e novos lobos do mar,
Ajoelhamos, rezamos e envergonhados de ti,
De toda essa tua valentia, nos escondemos,
Para não te demonstrar o nosso medo.
Egoístas, não queremos que saibas
O que padecemos e o quanto tememos o pior.
Abatidos, preferimos que penses
Que, como tu, somos todos corajosos.
Para que continues fingindo que és forte,
E que não zombes desse nosso destino cruel,
Eu prometo: Fingirei que creio em ti
E quem sabe, assim, consigamos ambos, espantar a morte!
Contudo, por favor, tem mais cuidado companheiro,
Tua dilatação, na amurada, aumenta a cada instante.
Urge que lutemos para sair desta, uma vez mais.
Precisamos ter coragem,
Antes que seja tarde demais,
De reafirmar que, como tu,
Também somos parte deste mar,
Açoitado por este vento, insano,
Mesmo sabendo que aqui e agora,
És o único, o verdadeiro lobo do mar
E, por isso, podemos e devemos em ti,
Infeliz e compulsoriamente, confiar,
Acreditar que tu nos fará sair desta,
E que Deus nos protegerá!