domingo, 13 de fevereiro de 2011

Uma resposta ao poeta que teve a coragem de, num de seus poemas eróticos, só autorizada a sua publicação após sua morte, declarado "ter um deus no meio das coxas" o que achei ofensivo à mulher, esse ser divino, que consegue a duras penas sobreviver nesse mundo machista, tendo-a subestimado, com o qual não concordo e deploro.


Quem és tu poeta?

(by jan)

Quem és tu poeta

Para declarares ter um deus

Bem no meio das tuas coxas?

A vaidade dominou-te as cabeças,

Ou as perdeste de vez?

Da debaixo, a penduradinha,

Ousaste declarar tamanha insensatez.

A de cima, coitadinha,

Deveras ficou assustada,

Com tal declaração,

Intempestiva, pretensiosa e estapafúrdia.

Foi piada de mau gosto ou foi delírio?

Se não explodiu de tanta empáfia,

Não explodiria, é óbvio, nunca mais

Só publicaram essa sandice,

Após a tua morte (que sorte a tua!)

Logo tu, príncipe de todos os poetas,

Como tiveste a coragem de fazer

Uma confissão como esta?

Só por teres sido quem foste,

De todos um dos maiores poetas,

Te concederemos um desconto...

Não, sem antes, concordares conosco,

Mesmo já tendo partido desta para melhor,

Sem dela poderes mais aproveitar,

Compulsoriamente, te exigimos

Que, aí do andar de cima,

Consertes toda essa confusão,

Que aqui embaixo tu causaste.

Por acaso não sabes ou esqueceste,

Que só sobre a mulher,

Essa maravilha da natureza

Podemos enfim enfatizar,

Com toda a nossa certeza,

Sem timidez, nem medo de errar?

Ela sim e só ela tem

Uma deusa no meio das coxas!

A mais bela quanto mais bela for

Coisa mais linda e mais gostosa,

Que nos faz vagar, voar nas nuvens

Viajar, naquele paraíso,

Quando permitido, é claro!

E nela nos afogar, embevecidos,

Fremir quando a penetramos,

Gozar quando virmos visagens

De tanto tesão, enlouquecidos

E quando, nossa alma, nela, expelirmos

De todas as formas e maneiras possíveis,

Ver miragens, como vês aí,

Nesse deserto espacial em que agora vives...

Que homem de sã consciência,

Poderá comparar o membro dele,

Com uma fenda tão gostosa e quente, como aquela,

Seja poeta famoso, vivo ou morto

Milionário, pobre ou rico?

Onde, todos nós homens,

Poeta, naquela coisa gostosinha,

Situada bem no meio das coxas

Que todos nós, menos cabotinos,

Esgotamos todo o nosso prazer,

Bem naquela, poeta, que subestimaste?

E, depois, ainda, podermos

Ter a satisfação de dizer:

Só tu mulher, que deusa já nasceste,

Nesse mundo de meu Deus e mais ninguém,

Outra deusa, no meio das coxas, tens também!

O que seria poeta de tuas metáforas, hoje?

Pois agora saibas que o sexo a nada se compara...

Como disse Moravia: “O sexo deve ser encarado,

Na vida e na literatura, como algo que não deve

Ser pervertido pela metáfora, mesmo porque

Nada há que se lhe assemelhe ou lhe seja análogo.”

Mas desta vez não precisavas exagerar,

Podias metaforar!

Pois assim, quem haveria

De sobre assunto tão simples,

Como sexo, te entender ou discordar?!

Perdoe-me poeta o neologismo

(metaforar) é que eu odeio sentido figurado!

Prefiro escrever o que sinto

Da forma que todos pobres ou ricos,

Analfabetos funcionais, nossa maioria

Ou não, possa me entender!

Plagiando Rubem Fonseca: Poetas eu lhes imploro não usem a metáfora para exprimir, falar ou escrever sobre sexo, pois não há nada nesta vida que a ele se compare. jan.

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